
Ele queixou-se da "maneira intimidatória" com que a fiscalização é feita, muitas vezes em entidades que estão lutando para dar assistência social a pessoas completamente desassistidas pelo poder público e sem oportunidades de educação, saúde e trabalho no mercado. "O nome de pessoas honestas tem sido exposto de forma degradante", criticou Dom Dimas, que defendeu a necessidade de fiscalização, mas com outros critérios, como, por exemplo, uma contabilidade simplificada e eficiente, e a possibilidade de unificação dos procedimentos de controle pelos vários órgãos federais.
"A chamada 'pilantropia' penaliza um setor que tem uma importância incomensurável para o país", disse Dom Dimas, que citou um exemplo da assistência social feita pela Igreja Católica no Brasil: "Só a Pastoral da Criança, que é apenas uma das nossas muitas pastorais, está presente em 27 Estados, 4.100 municípios, atende 4.200 comunidades, com a participação de 143.000 líderes comunitários, atende 1,8 milhão de crianças com menos de seis anos, auxilia 1,4 milhão de famílias e mantém sob a sua assistência 1,8 milhão de gestantes".
Projeto de Lei
O seminário foi aberto pelo presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e contou com a presença de representantes de entidades assistenciais de vários segmentos. Um dos objetivos do seminário foi também debater o Projeto de Lei 3.021/08, enviado pelo Poder Executivo, para regular o terceiro setor.
O projeto está ainda na Comissão de Educação, já acumula dezenas de emendas e irá tramitar ainda na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), presidida pelo deputado Jofran Frejat (PR-DF). O evento foi promovido pela Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Social, presidida pelo deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE).
O projeto de lei, segundo Dom Dimas, precisa ser aperfeiçoado em pelo menos dois aspectos: o primeiro é que usa a expressão isenção de impostos, enquanto a Constituição atribui ao setor imunidade tributária. São conceitos diferentes: a imunidade destina-se a entidades cuja atividade não pode ser tributada, como o assistencialismo, e a isenção é renúncia, por parte do governo, à receita a que tem direito. "O governo não perde receita com as entidades de assistência social; ao contrário, ele investe em capilaridade, chegando a lugares onde nenhum órgão público tem condições de chegar", explicou o representante da CNBB.
Fragmentação
O segundo ponto a ser modificado no texto proposto pelo governo é o que determina a certificação como entidade filantrópica em segmentos distintos (educação, saúde e assistência social), o que na maioria dos casos exigiria três certificados para cada entidade assistencial da Igreja Católica.
"A maior parte das nossas instituições é mista, isto é atuam em vários setores do assistencialismo. Muitas vezes, dar uma bolsa de estudo não é suficiente, porque o aluno não tem como se custear e nem mesmo como se alimentar. Temos hospitais que são, ao mesmo tempo, escolas e creches, e atuam nos três setores. Portanto, essa fragmentação de certificação é inadequada e a separação exacerbada vai levar a um estrangulamento das nossas atividades", disse Dom Dimas.
Atualmente, no Brasil, as entidades filantrópicas compõem mais da metade da rede de serviços para a população em situação de risco social, representando em torno de 50% na área da saúde, 40% no Programa Universidade para Todos (Prouni) – e acima de 80% na assistência social.
Fonte: CNBB
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