Danças, rituais de adoração e sons de batuque em meio a orações e cânticos religiosos. Essa foi a maneira escolhida pelo diretor Sérgio Sanz para dar início ao documentário "Devoção", que estréia nesta sexta-feira (8) em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e Recife (PE). Com o uso de depoimentos de historiadores, pesquisadores, autoridades do candomblé, freis e devotos do catolicismo, o filme tem como propósito mostrar aspectos que contribuam para o debate polêmico sobre o sincretismo das religiões existentes no Brasil, que se evidencia, sobretudo, após a chegada dos escravos negros vindos da África.
De acordo com a história, os africanos eram obrigados a seguir os ensinamentos da Igreja Católica logo que desembarcassem em terras brasileiras, mesmo que pertencessem a outras tribos ou culturas.
Desse modo, eles se viam forçosamente divididos entre duas religiões --situação que permitiu o surgimento de uma analogia entre santo Antônio (o mais popular do catolicismo) e Ogum (o mais importante orixá africano) e colocou em questão a legitimidade de se cultuar os orixás como se fossem santos católicos.
Opiniões de devotos do candomblé e do catolicismo são exibidas junto a imagens feitas em terreiros e durante a celebração de missas para enfatizar a fé existente em cada uma das crenças, independentemente de suas diferenças ou similaridades.
O documentário, que não contém narração do autor, foi filmado entre abril e junho de 2007 no Rio de Janeiro (RJ). Em 85 minutos, muito mais do que rever mitos e colocar lado a lado as peculiaridades de cada uma das crenças, o filme deixa claro a singularidade da cultura brasileira.
DANIELA ESPINELLI
FABIANA SERAGUSA
da Folha Online
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