quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Irmã Dulce - o anjo bom da Bahia"

Mulher de aparência frágil e humilde, mas cuja fortaleza espiritual a enchia de energia quando se tratava de socorrer os mais necessitados, Irmã Dulce foi uma unanimidade. Católicos, ateus e pessoas de todas as outras religiões reverenciavam o seu nome, ainda hoje, quase dez anos após sua morte, sinônimo de bondade e de tudo quanto se refira ao bem. Escrito por Gaetano Passarelli, consultor histórico da Congregação da Causa dos Santos, o livro Irmã Dulce - O anjo bom da Bahia é rico em fotografias e narra a trajetória iluminada dessa serva de Deus em sua obstinada luta pelas questões sociais, apesar da saúde frágil, mantendo uma confiança inabalável na Providência Divina.

Nascida em 26 de maio de 1914, Maria Rita de Sousa Lopes Pontes, a Mariinha, ficou órfã de mãe aos 7 anos, mas teve uma infância alegre, marcada pela fiel torcida ao Esporte Clube Ypiranga de futebol. A partir dos 13 anos, porém, influenciada pela tia Madalena, que lhe recordou de seus deveres como cristã, e impressionada pela condição miserável da população pobre de Salvador, passou a acolher mendigos e doentes em casa, sentindo o despertar do desejo de se dedicar à vida religiosa.

O pai ainda tentou dissuadi-la e conseguiu protelar sua partida até a conclusão do curso Normal. Mas a decisão estava firmemente tomada e, assim que cumpriu o desejo paterno, ela deixou a casa e a família para entrar para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Aos 20 anos, no dia 15 de agosto de 1934, foi ordenada freira e recebeu o nome de Dulce, em homenagem à mãe. Sua vida, desde então, foi de devoção aos pobres, enfermos e abandonados, seguindo o lema “amar e servir”.

O historiador Passarelli fala também sobre a visita do Papa João Paulo II, sobre as Obras Sociais Irmã Dulce - um complexo de 15 núcleos, que presta atendimento nas áreas de saúde, assistência social, educação, ensino e pesquisa médica - e sobre a comoção que tomou conta não apenas da Bahia, mas de todo o País quando, em 13 de março de 1992, Irmã Dulce partiu para a Casa do Pai. Em reconhecimento de suas virtudes cristãs de fé, esperança e caridade vividas em grau heroico, foi declarada “Venerável” pelo Papa Bento XVI, em abril de 2009.

O autor: Gaetano Passarelli nasceu em Castrovillari (Cosenza), na Itália, e vive em Roma. Foi professor de História Bizantina na Universidade Roma III e de Espiritualidade Oriental no Instituto Superior de Estudos Medievais e Franciscanos da Pontifícia Universidade Antoniana e também do Pontifício Instituto Oriental. É diretor responsável da revista Estudos sobre o Oriente Cristão e consultor histórico da Congregação da Causa dos Santos. Possui numerosas publicações científicas sobre iconografia, liturgia e história bizantina, traduzidas em diversas línguas. Além disso, é autor de biografias, romances e cenografias.

Título: Irmã Dulce - O anjo bom da Bahia
Autor: Gaetano Passarelli
Coleção: Luz do Mundo
Paulinas Editora
Formato: 14,0 x 21,0
Págs.: 232
Preço: R$ 24,90
Código: 516813
ISBN: 9788535626025

Contato para imprensa
Roberta Molina
Fone: 55 11 5081-9333
imprensa@paulinas.com.br

terça-feira, 20 de abril de 2010

O Som do Carrasco - Edição XIII

O Som do Carrasco - edição XII
Onde: Espaço Rafick
Quando: 24/Abril/2010
Horas: 22:00

A insensibilidade nos impede de enxergar - Quanto mais desanimados, menos frutos colheremos na vida

O Antigo Testamento bíblico foi um tempo de profecia e de preparação para a chegada dos objetivos do Reino de Deus. Hoje a comunidade cristã tem por obrigação testemunhar e concretizar o projeto iniciado por Jesus Cristo. Assim sendo, a Igreja precisa estar sempre em estado de missão, colocando em prática os indicativos da Palavra de Deus, não perdendo de vista a necessidade incondicional da presença e da atuação viva de Jesus ressuscitado.

A realidade social, a violência e a exclusão generalizada ocasionam desânimo e um clima de cansaço. Com isso perdemos o rumo do nosso caminho, mergulhamos na escuridão e numa vida de atividade quase sem sentido. Por outro lado, não podemos perder a sensibilidade da presença de Cristo ressuscitado e de Seu Espírito norteador. É como uma pesca sem resultado à primeira vista, mas rendosa a partir do seguimento da Palavra orientadora de Jesus Cristo.

Quanto mais desanimados, tristes, frustrados e sem perspectivas, tanto menos frutos colhemos de nossas atividades. A fartura é fruto da confiança e de objetivos claros de forma total, gratuita e entusiasmada. O amor tem que ser uma ação até as últimas consequências. Dar testemunho de Jesus Cristo pode levar ao sofrimento, ao mesmo caminho percorrido por Ele. Alguns são até torturados e mortos, são eliminados porque foram corajosos e determinados. A omissão impede o cumprimento dos objetivos concretos do Reino.

A sociedade capitalista neoliberal e consumista de hoje nos faz viver na escuridão, sem contar com a luz de Cristo ressuscitado, que nos pede amor incondicional. O fio condutor do cristão é Jesus Cristo.

Os desafios para o testemunho hoje são muito grandes. Ele deve ser partilhado na comunidade cristã. A insensibilidade nos impede de enxergar Cristo, porque Ele está presente em nosso meio, particularmente nos gestos de fraternidade e partilha.

A fecundidade e a vida de comunidade dependem de obediência aos ensinamentos de Jesus Cristo. Isso cria entusiasmo e alegria no serviço aos irmãos, superando uma fé morna demais, fazendo renascer o profetismo em nosso tempo.

Por Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto (SP)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bento 16 comemora cinco anos de pontificado em meio a maior crise da Igreja Católica na era moderna

Em meio a uma das maiores crises envolvendo a Igreja Católica na era moderna devido aos escândalos de abusos sexuais cometidos por padres, o papa Bento 16 completa nesta segunda-feira (19) cinco anos de pontificado.

Desde março, quando começaram a salpicar as denúncias sobre os abusos em diversos países, igreja e papa têm sido duramente criticados pela imprensa internacional por abafarem os casos e por não punirem os padres pedófilos.

“A igreja vive numa crise como ela só viveu no século 19 com o pensamento moderno, com os avanços da ciência. Foi uma crise institucional muito forte. Depois teve uma crise menos forte, mas que durou muito tempo, e que levou ao Concílio Vaticano 2º em 1962. Mas a de agora é uma crise de adaptação ao mundo pós-moderno”, afirma o religioso Frei Betto.

A opinião de Frei Betto, um dos maiores expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, movimento fortemente combatido pelo então cardeal Joseph Ratzinger (nome de batismo de Bento 16), também é defendida pelo vaticanista Marco Politi.

“Não me lembro de um pontificado da era moderna que tenha vivido uma crise maior do que esta”, reconheceu Politi à agência de notícias AFP. “Tantas controvérsias acabaram por dividir os católicos, que sentem que a igreja está dividida e não tem o mesmo poder de influência que existia com João Paulo 2º”, conclui.

As críticas feitas ao papa, porém, não se limitam aos casos de abusos sexuais cometidos por padres. Especialistas ouvidos pelo UOL Notícias avaliam que Bento 16 tem sido um líder pouco carismático, “desengonçado” ao se relacionar com as pessoas, e conservador.

“Se esperava que ele fosse um papa desengonçado do ponto de vista do relacionamento com as pessoas e ele tem sido. De vez em quando dá uns foras. Fala coisa fora do protocolo de um chefe de Estado”, avalia Luiz Felipe Pondé, professor do Departamento de Teologia da PUC-SP e da Faculdade de Comunicação da Faap.

Para Pondé, o papa tem seguido a linha já adotada por João Paulo 2º. “O Bento 16 continua investindo em certos valores dos últimos 25, 30 anos importantes para a Igreja Católica, como o combate ao uso de preservativos e o investimento na ideia de família de caráter indissolúvel.”

“Nesses cinco anos ele ainda não mostrou a que veio em termos de implementação do Concílio Vaticano 2º de renovação da igreja. Pelo contrário, ele tem levantado o freio de mão da igreja adotando uma série de medidas como restauração de liturgias arcaicas tradicionalistas”, afirma Frei Betto.

Já para Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo e coordenador de projeto do Núcleo de Fé e Cultura, no pontificado de Bento 16 a figura do papa é vista mais como “um sábio enviado de Deus que indica os caminhos da igreja” e menos como o administrador da Santa Fé.

“Com o Bento 16, a Igreja Católica reaparece no cenário internacional como alguém que tem alguma coisa a dizer sobre os problemas no mundo inclusive com a capacidade de articulação intelectual e cultural para dialogar com todos os ambientes.”

Carismático?

Enquanto os especialistas ouvidos são unânimes em dizer que João Paulo 2º foi um papa muito carismático, há controvérsias com relação à simpatia do atual pontífice.

De acordo com o frade dominicano Frei Betto, “Bento 16 tem o azar de ser um papa carrancudo depois do carisma midiático do João Paulo 2º”. “Não considero o Bento 16 carismático. Eu diria até mais, eu acho ele anticarismático. Eu, como bom mineiro, fico com o pé atrás diante de pessoas que não sorriem”, afirma.

Entretanto, para o sociólogo Ribeiro Neto, Bento 16 é, sim, uma figura carismática. Segundo ele, desde o Concílio Vaticano 2º, a Igreja Católica deu início a um processo no qual o carisma do papa deixa de ser um atributo da personalidade do cardeal e passa a ser algo inerente ao cargo.

“João Paulo 2º era um personagem extremamente carismático que você nunca consegue saber onde começava o carisma pessoal e onde estava o perfil do cargo”, afirma Ribeiro Neto. “O cardeal Ratzinger não é um homem muito carismático, que viaja muito, que apareça como uma grande liderança política. Já o papa Bento 16 assume várias dessas características. Inclusive ele é uma figura carismática. Não tem o carisma de João Paulo 2º, mas é uma figura carismática”, defende.

Polêmico

Bento 16 também tem sido criticado por algumas frases polêmicas. Com pouco mais de um ano de pontificado, o papa citou, em uma universidade na Alemanha, a crítica de um imperador bizantino do século 14 ao Islã –de que todas as coisas que Maomé trouxe foram “más e desumanas”– para afirmar que a violência era “incompatível com a natureza de Deus”. Mais tarde o papa se disse “profundamente sentido” por ter ofendido a sensibilidade dos muçulmanos.

Enquanto que, para Frei Betto, Bento 16 tem “sido muito infeliz no diálogo com outras religiões”, para o Ribeiro Neto, há uma segunda intenção por trás de algumas frases.

“O Bento 16 tem uma capacidade muito grande de diálogo. Inclusive tem uma capacidade de usar, não de forma calculada, certos escândalos como provocação para um diálogo maior. O grande problema que acontece é que, frequentemente, o que a mídia fica sabendo é apenas aquele momento de provocação do escândalo. Já as consequencias não costumam aparecer”, defende o sociólogo. De acordo com Ribeiro Neto, dessa polêmica envolvendo o papa, surgiu um diálogo muçulmano-cristão.

Por Carlos Iavelberg
Fonte: Uol