quarta-feira, 5 de março de 2008

Páscoa (Por Frei Ildo - Paraná)

A história da Festa da Páscoa na Bíblia é muito antiga. Páscoa era a festa dos pastores de ovelhas, que sacrificavam um animal novo, para obter a fecundidade e a proteção dos rebanhos. Outra festa era dos Ázimos, celebrada pelos agricultores, por ocasião da primeira colheita. Comiam os primeiros frutos, com pão sem fermento para lembrar que tudo era novo e sem nada de velho.
Em Ex 12,1ss temos a celebração da Páscoa (junto com a Festa dos Ázimos). Foi celebrada, às pressas, antes da partida do Egito, rumo à Terra Prometida. Comeram de pé, com o cajado na mão, prontos para partir.
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O verbo hebraico Pesah, pode significar pular e também passar. Deus “pulava” a casa onde a família estivesse celebrando a Páscoa. Depois passou a significar “passagem” da terra do Egito para a Terra Prometida; da escravidão para a libertação. Além de Ex 12-15, outros textos bíblicos lembram a festa: Ex 23,14-15; Ex 34,18; Lv 23,5-8; Nm 28,16; Ez 45,21. Em Nm 9,2-14 são mencionados os requisitos de pureza para a festa. Era celebrada no Templo e também nas casas.
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No início da celebração o menino pergunta ao pai: “Por que esta noite é diferente das demais? Por que em todas as outras se come o pão fermentado e nesta noite o pão sem fermento? Por que nesta noite comemos as ervas amargas? Por que em todas as outras noite comemos sentados e nesta noite comemos de pé? ”. A própria celebração responde às quatro perguntas. “Foi porque um dia nós, os hebreus, éramos um povo escravo no Egito e Deus se lembrou de nós, Ele interveio a favor do seu povo e os levou para uma terra nova. Deus libertou o seu povo das mãos do opressor” (cf. Ex 12,26-27; Dt 6,20-23). Assim, cada hebreu lembra a saída do Egito como se fosse a sua própria saída. “Éramos escravos no Egito, hoje somos servos do Senhor”.
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Celebra-se a festa comendo o cordeiro, pães ázimos, ervas amargas e quatro copos de vinho. O cordeiro lembra que Deus poupou a casa dos hebreus, que estava marcada com o sangue, e passou adiante. Os pães ázimos lembram a pressa da saída do Egito, sem tempo para deixar levedar o pão. As ervas amargas lembram como os egípcios haviam tornado amarga a vida dos hebreus, com os duros trabalhos (Ex 1,14). O vinho lembra a alegria da libertação.
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Jesus também celebrou a Páscoa. O cristianismo deu a ela outro sentido: Cristo, Cordeiro de Deus, é imolado (a Cruz) e o pão e o vinho (a nova Ceia), se transformam em seu Corpo e Sangue, e como no quadro da Páscoa judaica, temos a Semana Santa. Na Páscoa temos a instituição da Eucaristia que é o centro da liturgia cristã, que se organiza ao redor da Missa, sacrifício e redenção. Cristo é o verdadeiro cordeiro pascal (Jo 19,36): “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7). Ele destruiu o antigo fermento do pecado e tornou possível uma nova vida simbolizada na Eucaristia (pão sem fermento); é a Páscoa definitiva que nos convida à nova vida (cf. 1Cor 5,9-10).
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Páscoa é, portanto, a passagem da morte para a Vida. É isso que a Ressurreição ensina: Jesus vence a morte. A morte não é o fim. Não tem a última palavra. Mas é Deus que ressuscita Jesus e vai nos ressuscitar também. Assim, a Páscoa se torna a “passagem” para a vida nova! É Jesus que nos fez passar da morte para a vida! Hoje celebramos a Páscoa como a passagem da morte para a vida; das trevas à luz; da guerra à paz; da doença à saúde, de todas as situações de opressão para a liberdade e a esperança!

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