terça-feira, 6 de outubro de 2009

Família - As crianças e a Bíblia

Volto a dizer que me deixa muito feliz ouvir o testemunho de um número cada vez maior de casais que estão iniciando seu dia ouvindo, meditando e rezando o Evangelho (da liturgia diária), encontrando nele a luz para enfrentar os desafios à fé e procurando transformá-lo em testemunho na família, no trabalho e na convivência social.

É motivo de alegria saber que começa a ser colocado em prática o recado às famílias, dado pelo Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus. Realizado em Roma em outubro de 2008, com o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, a Mensagem Final dos Bispos recomendava: “Queridos irmãos e irmãs, guardai com carinho a Bíblia em vossas casas, lede-a, aprofundai e compreendei plenamente suas páginas, transformai-as em oração e testemunho de vida... (...) Fazei que ela ressoe no começo do vosso dia, para que Deus tenha sempre a primeira palavra, e deixai-a ressoar em vós à noite, para que a última palavra seja de Deus”.

A Bíblia e as crianças

Mais alegre me torno na medida em que fico sabendo que muitos pais estão descobrindo o jeito de envolver seus filhos ainda crianças nessa escuta ou leitura diária da Palavra de Deus. Isso é muito bonito. É precioso investimento. As sementes dos valores evangélicos, lançadas diariamente neste terreno fértil, que é o coração das crianças, certamente se multiplicarão em preciosos frutos de vida. A família e a sociedade agradecem porque serão profundamente beneficiadas.

Os pais são os primeiros catequistas de seus filhos. Ensinam, sobretudo, a partir do exemplo. Os filhos valorizam a Bíblia na medida em que vêm pai e mãe lendo e meditando, diariamente, a Palavra de Deus e colocando-a em prática. Esse testemunho permitirá que eles, os filhos, possam, desde cedo, ir aprendendo a ler e a perceber a importância da palavra divina em suas vidas, deixando-se também moldar pelos critérios de Deus.

Narrar ou ler histórias da Bíblia

Para os pais, primeiros catequistas de seus filhos, na medida em que avançam na vivência da fé – baseada na experiência do encontro com a pessoa de Jesus Cristo, da escuta de sua Palavra e no conseqüente compromisso da missão –, é importante que também evoluam no conhecimento da Bíblia e na maneira mais adequada e pedagógica de transmiti-la aos filhos.

Nesta perspectiva, deve-se valorizar a narração ou mesmo a leitura das histórias da Bíblia. Contar história é uma forma de comunicação e um método agradável de ensino. É uma arte que faz parte do patrimônio cultural dos povos.

Na Bíblia encontramos textos que podem ser lidos, outros narrados e, melhor ainda, outros que podem ser encenados, sobretudo quando se consegue ter em volta um número maior de crianças. É importante que tanto a leitura quanto a narração ou a encenação consigam transmitir a beleza e o encantamento da mensagem. É bem provável que esses encontros, agradáveis por natureza, se tornem também inesquecíveis.

Não é demais lembrar os pais que procurem focalizar a ação libertadora de Deus, expressa no fato bíblico. Por outro lado, deve-se ter o cuidado de não fixar a atenção somente no aspecto moral. Sempre que possível, ligar o passado com o presente, atualizando o texto.

Como narrar bem as histórias bíblicas?

Irmã Jovelina de Lourdes Pereira, nossa conhecida mestra em Catequese, sempre presente na p. 8 deste jornal, dá as dicas para pais e catequistas fazerem uma boa narração de histórias bíblicas:

– Escolher adequadamente o texto. Estudá-lo, ter segurança na seqüência dos fatos.

– Narrar com emoção, vivendo a história.

– Vivacidade na narração: fazer gestos, sem exagerar.

– Modular a voz, adequadamente... Boa dicção.

– Utilizar sons onomatopaicos (imitar os sons).

– Evitar cacoetes como: aí...aí... aí..., né... né... então... então...

– Fazer pausas rápidas, após momentos de suspense.

– Não falar alto nem baixo demais.

– Usar gravuras, se possível.

– Entusiasmo e alegria, ao narrar às maravilhas que Deus fez e faz para nós.

Como ler as histórias da Bíblia?

Além das importantes observações acima, nossa Irmã Jovelina recomenda para as leituras de histórias da Bíblia mais estes detalhes:

– Escolher o texto que deve ser lido. Os textos que descrevem paisagens são mais próprios para serem lidos, a fim de não perder a beleza da descrição. Ex: Tempestade: Lc 8,22–25. Os textos com mais enredo são mais indicados para a narração. Ex: Filho Pródigo: Lc 15,11–32.

– Garantir o silêncio do grupo, antes de iniciar a apresentação do texto bíblico.

– Cuidar que a velocidade da voz seja adequada à natureza do texto.

– Fazer pausas e pontuação corretas, facilitando ao filho ou catequizando a visualização mental da cena, o “sentir” e o “acolhimento” à Palavra em seu coração.

– Dar vida à leitura, aos diálogos, caracterizando os personagens, proporcionando a emoção que o texto inspira, observando as características do texto: diálogos, cenas tristes ou alegres, sentimentos de raiva ou de compaixão.

Primado da Palavra de Deus na família

Os pais educam, formam seus filhos, transmitem-lhes valores por aquilo que são e fazem. A força do exemplo vale mais do que milhares de palavras.

De fato, os filhos precisam mais de modelos a imitar do que de simples instrutores. Vendo os pais apaixonados pelo Reino de Deus, aprendem a orientar sua vida pelos valores do Reino. Vendo os pais dando o primado à Palavra de Deus na vida da família, buscarão também pautar sua vida pelos ensinamentos divinos.

Fonte: O Lutador
Local:Belo Horizonte

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