quinta-feira, 18 de março de 2010

Ministério Público confirma que cartel de gás ocorre no Nordeste

A prisão de dois diretores das empresas Brasilgás e Nacional Gás Butano e a apreensão de documentos em suas filiais na Bahia, durante a Operação Chama Azul, deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público, na semana passada, poderão confirmar a existência de cartel de gás de cozinha no Estado. “Pelos documentos apreendidos na operação, o cartel vinha ocorrendo no Nordeste inteiro, inclusive na Bahia”, disse o coordenador da Secretaria de Direito Econômico, Ravi Madruga, responsável pela investigação no Ministério da Justiça.

Agentes federais e promotores de justiça investigavam a combinação de preços, entre empresas concorrentes, do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) na Paraíba. Mas a investigação acabou chegando a executivos das duas distribuidoras na Bahia. O diretor regional da Brasilgás, Leandro Del Corona, e o diretor da Nacional Gás Butano, Francisco Tadeu Caracas de Castro, foram presos no dia 11 deste mês, durante a operação.

Agentes da PF apreenderam os documentos em cumprimento de mandados de busca e apreensão na sede da Brasilgás, em Campinas de Pirajá, e na empresa Nacional Gás Butano, em Portoseco Pirajá, ambas situadas em Salvador. Del Corona e Caracas não foram encontrados nos seus locais de trabalho, na capital baiana, mas acabaram sendo presos logo depois em outros estados.

Del Corona foi preso em um hotel em Fortaleza, na Avenida Beira-Mar. Ele estava com representantes de outras três distribuidoras, e onde se reuniriam cerca de 20 pessoas para acertar os preços a serem praticados. Já Caracas foi capturado na sede da Nacional Gás Butano, em São José do Rio Preto, São Paulo. Os dois foram conduzidos à Superintendência da PF em João Pessoa, para serem interrogados. Os documentos apreendidos na Bahia também foram encaminhados à Paraíba. Agentes já tinham flagrado outros dois encontros entre representantes das empresas de gás.

O delegado federal Paulo Henrique Ferraz Lima, que investiga o caso, suspeita que o cartel do gás de cozinha ocorra em vários estados nordestinos, já que os dois gestores presos ocupavam o cargo de diretores da regional Nordeste. Dois malotes contendo documentos apreendidos nas sedes das empresas na Bahia ainda não foram analisados.

Revenda – O promotor Paulo Octávio Neto, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado da Paraíba (Gaeco), disse que os indícios ou provas do cartel encontradas nos documentos serão encaminhadas para o Ministério Público baiano.

Em Salvador, o preço do botijão de gás é vendido nas revendedoras entre R$ 38 e R$ 40, das marcas Nacional Gás Brasil e Brasilgás, respectivamente. Existe a suspeita de que o alinhamento de preço aconteça no momento da comercialização da distribuidora para revenda, onde o valor praticado girava em torno de R$ 26 em dezembro do ano passado, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A TARDE entrou em contato com as sedes da Brasilgás e da Nacional Gás Butano em Salvador, mas funcionários da diretoria informaram que as empresas não se manifestariam sobre a acusação de cartel e sobre as prisões de seus diretores.

A Operação Chama Azul investiga a formação de cartel na Paraíba entre cinco distribuidoras de gás de cozinha: a Brasilgás, a Nacional Gás Butano, a Liquigás (pertencente à Petrobras), a Minas Gás e a Copagás.

Fonte: A Tarde

Nenhum comentário: