quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Mãe de Deus

Vocação especialíssima teve Maria: ser a Mãe do Salvador. A Basílica de Santa Maria Maior em Roma foi construída pelo papa Sisto III no século quinto, exatamente após a proclamação do dogma da maternidade divina de Nossa Senhora pelo Concílio de Éfeso em 431.

Dia 5 de agosto é celebrado o memorável acontecimento que foi a edificação do mais antigo santuário mariano do Ocidente.. Maria, fez-se o exemplar da correspondência ao apelo divino. Suas palavras ao embaixador da Trindade sintetizam toda sua postura, refletem como estava preparada para corresponder à sua palavra.

Foi por excelência a mulher engajada numa tarefa especial. Na terra fértil de seu admirável coração a semente do alto caiu e deu frutos centuplicadamente. Identificada com a missão salvífica do seu divino filho, ela em tudo podia dizer ao Pai: “Seja feita a vossa vontade”.

Com destemor e magnanimidade, assumiu a co-redenção da humanidade. Não lhe importavam os riscos anunciados por Simeão e os dissabores e apreensões que teria.

A cada passo, perseverantemente ela conservava com cuidado tudo que ia ocorrendo, conferindo cada evento em seu coração. Nunca duvidou, jamais tergiversou.

Trilhou com coragem as sendas martirizantes de todo o processo soteriológico. Dedicou-se, integralmente, ao múnus que recebera. Se seu Filho havia dito: “Sim, Pai”, colocando-se a serviço da salvação dos homens, ela não procedeu diferentemente. Sintonizou-se com Ele e suportou com garra o acre sistema redentor. Foi irrestrita sua conformidade com os planos divinos.

Situou-se com aptidão e adequados talentos no espaço que deveria ocupar e, deste modo, atingiu, com a realização de sua vocação, imensa perfeição, fazendo-se mar de graças que extravasaria depois, para os salvos pela cooperação querida pelo Todo-Poderoso. Sua linha de conduta era, em tudo, responder ao chamamento divino.

A exemplo do Salvador não procurou a si mesma, a sua própria glória. Imolou o seu querer e se identificou com a vontade do Ser Supremo. Por que Deus ama aquele que dá com alegria. Sua conformidade com os desígnios divinos a fazia sempre mais agraciada.

Submissa às aspirações do Espírito Santo, seu contributo ao cumprimento das Escrituras foi decisivo. Por certo repetiria a cada hora com o salmista: “Ensinai-me a fazer vossa vontade”.

Assim, ninguém viveu melhor e mais intensamente sua vocação. Foi uma existência consagrada na plenitude do termo. Através de Isaías, Javé se queixava: “Vossos caminhos não são os meus caminhos”. Ela reparou os desvios humanos e sua retidão de intenção fez parte de sua participação na salvação do gênero humano tão rebelde em atender os apelos de seu Senhor.

Foi operosa obreira, cooperando na construção da ponte que seu Filho estenderia da terra ao céu. Aliou-se, confiadamente, à ingente empresa e programou sua vida segundo o que o Pai dela queria.

Todos os seus atos estavam entregues ao beneplácito celeste. Podia sempre redizer as palavras escriturísticas: “Fiz voluntariamente todas essas ofertas na retidão do meu coração.Cristo ensinou: “Por vossa paciência constante salvareis vossas almas. As provações duríssimas que sua vocação dela exigiu, ela as superou com sua admirável tolerância, grande longanimidade, inteira adesão e deu muito fruto pela paciência.

Compartilhou os sofrimentos do Salvador e, deste modo, plenificou-se na atuação de sua vocação, totalizando o máximo de esforços, unindo aquiescência integral aos desejos da Trindade.

Não hesitou, nunca, ante as ordens recebidas do céu e, com o coração transbordante de alegria fazia a vontade do Onipotente. Sabia que ser mãe do Salvador significava ser mártir. Aceitou isso de boa vontade até o fim! Diz Graef com razão: “O Fiat de Maria é a palavra mais corajosa que jamais foi dita, como também a palavra mais cheia de conseqüência. Foi uma palavra sacerdotal que fez Deus descer à terra”.

Deus veio porque sabia que Ela cumpriria sua tarefa, seria digna de sua vocação, pois era qual “harpa, cujas cordas estão tão perfeitamente afinadas que são sensíveis ao menor sopro de graça”.

Como a Mãe do Salvador cada cristão deve corresponder à sua vocação e ser submisso aos planos do Ser Supremo. Realizando-os, atingirá uma existência plena de significado. Será venturoso e fará outros felizes, cooperando para que o mundo seja cada vez melhor digno de seres talhados para grandes feitos e destinados ao reino de Deus.


Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana (MG)

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