quinta-feira, 23 de julho de 2009

O Sentido da Misssa

A missa é uma realidade tão rica e profunda, que fica difícil encerra-lá em uma definição. Tudo o que se refere a Deus é ifinitamente maior do quenós, e o fato de ter ele "descido do céu"para assumir a nossa pequenez, aumenta ainda a nossa consciência da sua grandeza... pois a grandeza infinita pode gerar a miséricordia infinita. É por essa consciência de um amor infinito e inefável que os antigos se referiam à missa como "a celebração dos Mistérios".Ainda hoje dizemos: "Eis o Mistério da fé". É o mistério de um Deus que se faz pobre para nos tornar ricos, de um Amor que se entrega à morte para que nós tenhamos vida.

Não se trata de algo distante, nem inacessível à nossa compreensão. Deus está sempre muito próximo e se revela de muitas maneiras, mas só podemos conhecer de forma limitada. É como o sol cujo calor nos toca e nos envolve, e sem o qual não podemos viver, mas do qual experimentamos apenas uma pequenissima parcela...

Tal é o sentido do "mistério"grego, que, ao ser traduzido para o latim, tornou-se "sacramento".

Celebrar um sacramento é realizar ritual visível que é sinal de outra realidade inivísivel e infinita - a graça de Deus - à qual temos acesso pela "porta"que é o rito. E a chave que abre essa porta é a fé, que não contradiz a razão, mas nos permite além dela. Pela fé, podemos tocar o Mistério...

A Missa abrange muitas definições, todas elas corretas: é o memorial do sacrificio da Cruz, ou seja, da Pácoa; é a ação de graças (eucaristia) da comunidade cristã, hino de louvores e gratidão pelo dom da salvação; é o Banquete das núpcias do Cordeiro com a sua Igreja, onde o Céu se faz presente na terra (*), e onde o próprio Cristo, Pão da Vida, nos alimenta para a vida eterna e nos fortalece para a caminhada.

A Missa é, sobretudo, a celebração da Nova Aliança, como a definiu o próprio Jesus (Lc. 22,20).
Ao proclamar a "nova Aliança em seu sangue", Jesus recorda a primitiva aliança do Sinai, oficiada por Moisés, na qual Deus havia dado ao povo a sua Palavra (a Lei), e o povo selara seu compromisso de fidelidade para com essa Palavra com o sangue de novilhos oferecidos em sacrifício (Ex 24,7-8).

Agora, Jesus é a Palavra (Verbo) de Deus entregue por nós em sua plenitude. É ele a Lei, Caminho da Verdade que conduz à Vida, que acolhemos na Liturgia da Palavra. É ele também a vítima que se oferece em sacrifício para selar a nova e definitiva Aliança, cujo sangue nos liberta e cuja carne nos alimenta no banquete pascoal (Ex 12,8).

Naquela noite da última Ceia, Jesus e seus discípulos celebravam a Páscoa judaica, a libertação da escravidão no Egito, a mais importante das memórias de sua tradição.

Celebraram-na um dia antes da Páscoa "oficial"do templo, porque, nesta, Jesus seria a própria vítima imolada... não em lugar do cordeiro do templo, mas ao mesmo tempo, inaugurando a realidade de nova que viria substituir a antiga . E era preciso que, antes disso, ele transmitisse aos seus discípulos a sublime missão de perpetuar, sacramentalmente, aquele Sacrifício da Nova e eterna Aliança.

A última Ceia faz a ligação da Páscoa judaica com a Páscoa cristã, da qual era figura e preparação.
"O sangue da Nova Aliança", do qual Jesus diz que "será derramada por vós e por todos, para remissão dos pecados", é o mesmo que já se faz presente ali, no cálice abençoado na ceia, assim como o pão partido e distribuído é o seu próprio corpo que, pouco depois, se entregará à morte na cruz "para que todos tenham vida". Os dois momentos constituem uma única realidade pascal, mas é na ceia que Jesus indica de que forma deseja que essa Páscoa seja perpetuada... "Fazei isto em minha memória"(Lc 22,19).

Aqui trata-se de uma "memória" diferente das anteriores.
Nos sacrifícios judaicos, a cada vez se oferecia uma nova vítima, como não poderia deixar de ser.

O sacrifíco da Nova Aliança, porém, é sempre o mesmo. Não a mesma vítima que se oferece várias vezes, mais sim, a mesma oferta que tem valor eterno e sempre atual, porque Deus é eterno. Como diz o Catecismo no nº 1367, "o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício".

Se Jesus nos ordena "fazer memória"desse único e permanente sacrifício, não é porque o sacrifício precise ser renovado, mais sim porque nós precisamos ser renovados.
O que se renova é a nossa participação no sacrifício pascal. Jesus quis que nossa comunhão com ele fosse completa, a ponto de comermos o seu corpo r bebermos o seu sangue (Jo 6,53-56).

Na iniciação cristã aprendemos que o Batismo nos incorpora a Cristo, ou seja, nos torna corpo de Cristo. Sendo assim, o que é próprio de Cristo passa a ser próprio do cristão - inclusive o sacrifício pascal. Participar da Eucaristia é, portanto, viver a cruz e a ressurreição. É "completar em nossa carne o que falta à paixão de Cristo"(Cl1,24), ou seja, participar dela, visto que "este sacrifício nos une num só corpo".

Incorporados a Cristo, assumimos a tríplece missão de Cristo: sacerdote, profeta e rei. O Batismo nos torna herdeiro de Reino, a Crisma nos torna profetas, e a Eucaristia nos torna sacerdotes... quando nossa vida é oferecida, com Cristo, ao Pai. Por isso dizemos: "Fazei de nós uma perfeita oferenda".

Comungamos o Corpo de Cristo para sermos transformados naquilo que recebemos. Mas, como somos seres contingentes, limitados no tempo e no espaço, essa identificação precisa ser constantemente renovada... E por isso, Cristo nos oferece seu corpo e sangue como alimento, sob as espécies do pão e do vinho. Dessa forma, à semelhança dos sacrifícios judaicos, a vítima pascal desse único sacrifício eternamente oferecido pode ser também permanentemente consumida, e se torna o alimento cotidiano para a nossa caminhada.

Hoje em dia, anda bastante esquecida a dimensão da Aliança, ou seja, do compromisso mútuo, do qual o sacrifício é o sinal. Os sacramentos já fazem de nós pessoas novas, porque esquecemos nossa parte do trato. Deus como sempre, permanece fiel, mas nos esquecemos de que empenhamos nossa vida, no "Amém" solene com que aclamamos a Palavra, no hino de louvor que entoamos e na profissão de fé que renovamos a cada domingo. Fazemos promessas da boca para fora...Reclamamos o direito de receber o Corpo de Cristo, mas esquecemos que comungar dele é participar do seu sacrifício.

Não é de admirar que, nessas condições, a Eucaristia não chegue a transformar nosso coração...

"Eis que estou à porta e bato.
Se alguém me abrir, entrarei em sua casa, e cearei com ele, e ele comigo" (Ap 3,20).

Fonte: Catolica Net

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