quinta-feira, 5 de junho de 2008

Dia Mundial do Meio Ambiente: futuro sustentável só depende de você

Mudanças climáticas drásticas, furacões, tempestades, ondas gigantes, ondas de calor insuportáveis, poluição acima do que nossos pulmões podem agüentar, doenças respiratórias, fome por má distribuição de alimentos e concentração de renda. Tudo isso é culpa de quem? Dos políticos corruptos, que só querem saber de lucrar com o dinheiro público, diriam os mais ferrenhos defensores do bom senso e das posturas corretas. Mas não é bem por aí.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, vale lembrar mais uma vez que é em cada atitude individual que mora a semente do comportamento coletivo. E pensar no meio ambiente como parte da natureza a qual nós, seres humanos, pertencemos, é tarefa para cada um. De acordo com a consultora do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, Maluh Berciotte, vivemos em um estado de “normose”, no qual aguardamos que a solução parta dos outros, sem nos preocuparmos em fazer nossa parte.

“A questão do lixo é básica. No mercado tem uma embalagem de isopor, um saco plástico para cada produto, mas a gente percebe que aquilo não tem valor. A insustentabilidade está em cada ponto. Com o lixo, é uma relação mágica. Ele desaparece da nossa porta e vai direto para o aterro sanitário”, afirmou Maluh, em entrevista ao Dia Online.

Todos os nossos resíduos acabam assumindo o papel de objetos invisíveis. Usamos e jogamos fora, mas não nos vêm à cabeça onde tudo aquilo vai parar. Maluh Barciotte avalia que essa maneira de enxergar a relação com o meio ambiente está mudando aos poucos. Segundo ela, o modo como recebemos a notícia que que nossa relação com o meio ambiente está insustentável é o mesmo quando recebemos a notícia de uma doença.

“O médico dá a notícia ruim e a primeira reação da pessoa é negar. Depois ela se irrita, briga, argumenta o contrário. Só assim ela entende e tenta se recuperar. Nós estamos passando para a fase do entendimento. Mas muita gente nega e alguns ainda estão brigando”, avalia.

A diretriz

Embora exista uma corrente formada principalmente por ambientalistas, um novo paradigma que inclua a variável ambiental em todos as relações sociais só será possível se houver uma relativização da sociedade capitalista, explica a consultora do Akatu. Segundo Maluh Barciotte, deve-se pensar a agenda econômica em paralelo com a agenda ambiental.

“ Enquanto a agenda econômica for a diretriz básica, vamos ficar em decisões paleativas e demagógicas. Mas se a gente pensar como uma empresa, vamos notar que as empresas acabam sendo mais ágeis que os países. Porque elas têm visão de equilíbrio. Os recursos devem ser sustentáveis, ela não pode estar bem só por dois anos. Nossa visão é a curto prazo e para um grupo pequeno. Então ela é falsa”.

Modelo de civilização e consumo

Os povos indígenas tomavam suas decisões pensando em sete gerações para frente e também em seus antepassados. E sua relação com a natureza era harmônica. A sociedade de consumo em que vivemos trabalha sempre com a renovação e torna obsoletos os produtos que nos servem para que o consumo não pare. Até certo ponto isso eleva o padrão de conforto e qualidade de vida das pessoas. Mas até agora, o que se vê é um modelo de desenvolvimento que cria desigualdades. Na opinião da consultora Maluh Barciotte, essa cultura está doente.

“Com isso o ser humano foi ficando acomodado. Aí você vai de carro para a academia. Acha que lixo em excesso é normal e pensa em separar para reciclar, em que de evitar que ele exista, reutilizar. A reciclagem não salva o planeta, o melhor é não gerar os resíduos. Como o ser humano é ligado ao conforto e ao comodismo, é bom esses choques de realidade”.

Hábitos de conforto costumeiros em ambientes de classe média e alta acabam tomando feições de status, ao passo que traduzem a falta de consciência para uma cultura de desperdício. “Tem gente que adora ligar o ar condicionado no máximo para dormir de edredom., ou há quem diga que quanto mais gelado mais chique o ambiente. Nos automóveis, quanto maior o carro, mais espaço ele vai ocupar para carregar alguém de 70kg, isso é mais desvantajoso, gasta mais combustível e polui mais. Então a gente tinha que caminhar na direção de carros mais sustentáveis , menores , com menor uso de energia”, afirma Maluh.

Note que nada que você fizer pensando em vantagem própria vai dar totalmente certo. Como dizia o matemático americano John Nash, em sua Teoria dos Jogos, se todos quiserem tirar vantagem de alguma situação, todos sairão perdendo. Então mova-se pensando no outro, que alguém estará pensando em você.

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