terça-feira, 5 de março de 2013

Perguntas e respostas sobre a eleição do novo Papa



Quem escolhe o novo Papa?

O Papa é escolhido pelos cardeais. Atualmente, há 209 deles, mas apenas os que têm menos de 80 anos no início do período de Sé Vacante podem votar e ser eleitos – o que reduz a 117 o número de votantes a partir de 28 de fevereiro, data marcada para a saída de Bento XVI. Entre eles, 67 foram nomeados por Bento XVI e 50 por seu antecessor, João Paulo II. O número máximo de cardeais eleitores é de 120.

De onde são os cardeais que irão eleger o novo Papa?
A maior parte dos cardeais eleitores é da Europa – 61. A Itália é o país que concentra o maior número de cardeais eleitores – são 27, mais de um terço dos europeus. A América Latina tem 19 eleitores (cinco deles brasileiros). Quatorze cardeais eleitores são da América do Norte, 11 da África, 11 da Ásia e apenas um da Oceania. No total, 48 países possuem cardeais eleitores.

Quais são os nomes apontados como favoritos para ser o novo Papa?
Apesar de especulações desde a eleição de Bento XVI apontarem que já é tempo de a Igreja Católica ter um papa africano ou latino-americano, especialistas acreditam que um italiano é o favorito: Dom Angelo Scola, de 72 anos, arcebispo de Milão, apreciado teólogo e homem do diálogo inter-religioso. Outros cotados são o cardeal-arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, de 73 anos, considerado um “modernista conservador”; o arcebispo de Kinshasa, no Congo, Laurent Monsengwo Pasinya, de 74 anos, que desempenhou um papel de mediação na resolução do conflito em seu país; e o hondurenho Oscar Andrés Maradiaga, 70 anos, cardeal e arcebispo de Tegucigalpa, considerado ortodoxo sobre as doutrinas.

O que é preciso para ser eleito Papa?
Oficialmente, não há requisitos básicos para que uma pessoa seja eleita Papa – basta que ela seja católica e ter pleno uso da razão. Entretanto, na prática, o eleito há muitos séculos sempre tem sido um cardeal. Caso o cardeal eleito ainda não seja bispo, ele é ordenado logo após a eleição – já que o papa é o Bispo de Roma. O escolhido precisa ter o voto de dois terços dos cardeais votantes para ser eleito.

Como acontece o processo de escolha?

Com o início do Conclave, os cardeais seguem em cortejo da Capela Paulina, onde se reúnem inicialmente, até a Sistina, onde ocorrem as votações. Em seguida, as portas são fechadas, as chaves retiradas, e o isolamento é assegurado pelo cardeal Camerlengo no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia no exterior. Três cardeais assistentes são escolhidos para auxiliar o Camerlengo – eles são trocados a cada três dias.

Os eleitores ficam isolados em celas particulares e se reúnem na Capela Sistina duas vezes por dia para votar – caso não um nome não obtenha dois terços dos votos na primeira votação.  Além deles, ficam alojados nos arredores da Capela Sistina apenas o Secretário do Colégio Cardinalício o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, com dois Cerimoniários e dois religiosos adscritos à Sacristia Pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo Cardeal Decano ou pelo Cardeal que o substitua, para lhe servir de assistente; além de alguns religiosos de diversas línguas para as confissões, dois médicos para eventuais emergências e pessoas responsáveis pela alimentação e limpeza.

Os cardeais não têm o direito de votar em si mesmo e devem, um de cada vez, prestar juramento de respeito ao voto secreto e de aceitar o resultado. No momento da eleição, ficam na capela apenas os eleitores, o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e o eclesiástico escolhido para fazer aos cardeais eleitores a segunda das duas meditações. Eles juram igualmente que aquele entre eles que for eleito não renunciará jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de pontífice romano.

Por que os cardeais ficam isolados?
O isolamento ocorre para garantir o segredo da eleição – nem o número de votos que o escolhido recebeu é divulgado – e para permitir as orações e meditações necessárias para a escolha do voto – além de evitar possíveis pressões e influências externas. Durante todo o tempo que durar o Conclave, os cardeais não podem manter qualquer tipo de contato e correspondência com pessoas externas – somente razões gravíssimas e urgentes, comprovadas pela congregação dos cardeais, permitirão tais contatos. Eles também não podem ter acesso a meios de comunicação. As pessoas envolvidas no processo também devem manter o sigilo e estão sujeitas a punições do futuro Papa caso não o cumpram. A exigência de segredo nas votações está estipulada na Constituição Apostólica.

É permitida a realização de acordos, promessas ou pactos antes da eleição?
Segundo a Constituição Apostólica, os cardeais eleitores são proibidos de realizar qualquer tipo de acordo visando benefícios ou promessas de realizações pela eleição de um ou outro candidato. Promessas eventualmente feitas serão consideradas nulas e os autores podem ser excomungados. Entretanto, a troca de ideias sobre a eleição antes do Conclave não é proibida. Também está vetada a influência externa – os eleitores não podem receber recomendações ou vetos de autoridades civis ou religiosas. O código também recomenda que os cardeais não se deixem guiar por simpatia ou aversão aos candidatos como fator de influência na escolha do papa.

Como são dados os votos?
Os votos são escritos pelos cardeais em fichas distribuídas no início da votação – cada cardeal eleitor recebe duas ou três. São eleitos à sorte entre os votantes três escrutinadores, três responsáveis por recolher os votos dos doentes e três revisores.

O nome do escolhido deve ser escrito nas fichas de maneira secreta e com uma caligrafia diferente da habitual, para evitar a identificação dos votos. Elas devem ser dobradas duas vezes. Cada cardeal leva seu voto de maneira visível até a urna e o deposita, antes realizando um juramento. Os cardeais doentes que estiverem instalados no Vaticano e impossibilitados de participar do Conclave na Capela Sistina terão seus votos recolhidos por cardeais designados no início da votação.

Os eleitores não podem revelar a qualquer outra pessoa notícias sobre a votação e seu próprio voto, nem antes, durante ou depois do processo.

Quanto tempo pode durar o processo de escolha?
Caso o nome mais votado não consiga dois terços dos votos, a eleição pode se estender por vários dias. No primeiro dia, está prevista apenas uma votação. Nos seguintes, devem ser realizadas duas pela manhã e duas durante a tarde. Após três dias sem decisão, deverá ser feita uma pausa de um dia para oração e reflexões entre os cardeais. A pausa é seguida por sete votações. Caso não haja resultado, deve ocorrer um novo dia de pausa. A sequência pode ocorrer por mais três vezes. Se ainda assim não houver um eleito, os cardeais devem decidir como proceder – pela eleição por maioria absoluta ou votação apenas nos dois nomes com mais votos, elegendo-se também o que obtiver maioria absoluta. Será adotado o que a maior parte dos cardeais decidir.

Como é feito o anúncio de que um novo Papa foi escolhido?
Quando a escolha finalmente ocorre, o cardeal mais antigo pergunta ao mais votado se ele aceita o cargo. Ao responder “aceito”, o cardeal passa a ser o novo papa. Em seguida, ele informa por qual nome passará a ser chamado. Caso o eleito já seja bispo, é imediatamente apontado como Bispo de Roma, assumindo o poder sobre a Igreja. Se não for, é ordenado na hora.

As cédulas são queimadas, e a tradição indica que os cardeais devem usar palha seca ou úmida para que a fumaça seja preta (se não foi escolhido o Papa) ou branca (se a votação deu como resultado a eleição do novo pontífice). Quando a fumaça é branca, o público na Praça São Pedro sabe que o novo pontífice foi escolhido. Após uma cerimônia solene entre os cardeais, o novo papa costuma aparecer ao público, como fez Bento XVI ao ser eleito em 2005.

Como é escolhido o nome dos Papas?
A tradição de adotar um novo nome ao ser nomeado Papa foi iniciada por Jesus Cristo, que mudou o nome do pescador Simão para Pedro, o primeiro Bispo de Roma. Cada Papa é responsável por escolher o nome que adotará durante o pontificado – ele deve apontar o nome logo após aceitar a eleição. A escolha é uma forma de homenagear os antigos papas e também indica a linha de administração do novo pontífice. O nome escolhido normalmente aponta que o novo papa se identifica com as doutrinas e realizações dos outros papas que tiveram o mesmo nome.

Fonte: G1



Os cinco cardeais brasileiros
Dom Raymundo Damasceno
76 anos, arcebispo de Aparecida.
Mineiro de Capela Nova, é doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Tornou-se cardeal por Bento XVI em dezembro de 2010. É também presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Dom Cláudio Hummes
78 anos, arcebispo emérito de São Paulo.
Gaúcho de Montenegro, o ex-arcebispo de São Paulo foi prefeito para a Congregação para o Clero (um tipo de ministro papal) até 2011. Desde então, é membro da Pontifícia Comissão para a América Latina

Dom Odilo Scherer
63 anos, cardeal arcebispo de São Paulo.
Gaúcho de Cerro Largo, é mestre em filosofia e doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Em 2012, envolveu-se em polêmica ao vetar o candidato mais votado para a reitoria da PUC-SP, optando por um nome alinhado à cúpula da Igreja Católica

Dom João Braz de Aviz
64 anos, arcebispo emérito de Brasília.
Catarinense de Mafra, foi ordenado bispo auxiliar de Vitória (1994) e chefe da igreja em Brasília (2004). Em 2011, passou a ocupar o cargo de prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano

Dom Geraldo Majella Agnelo
79 anos, arcebispo emérito de Salvador.
Mineiro de Juiz de Fora, é doutor em teologia pelo Pontifício Ateneu Santo Anselmo de Roma e virou arcebispo de Salvador em 1999. Deixou a chefia da igreja na capital baiana em 2008, ao completar 75 anos

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